Sim, MAIS um blog. Pensei em nomes diferentes, tentei ressucitar alguns antigos, copiar alguns bons amigos, mas nada parecia servir. Por fim, nada me pareceu mais simples e honesto do que o meu próprio nome, afinal, o que mais é um blog do que um monumento ao narcisismo literário? Pois bem, aqui poderão encontrar um pouco de tudo que faz parte da minha vida. Ainda falando dos nomes, a idéia original havia sido " O bardo ". Mas logo desanimei ao ver o número imenso de blogs com alcunhas parecidas. Mas seria um bom nome, pois expressa tudo que pretendo postar aqui. Portanto, ao me visitar, lembre-se que verá tudo que o que a palavra bardo poderá lhe trazer a mente. Ou não. Não vou me dar ao trabalho de explicar detalhe por detalhe. Agora, vamos ao tema citado, que satisfaz o significado mais recorrente para "bardo". A música.
Segundo Muddy Waters, quase 60 anos atrás, o Blues teve um filho e o chamaram Rock'n Roll. Na década atual, como você já deve ter lido em inúmeras outras fontes, o atestado de óbito finalmente foi emitido. O Rock morreu. Mas diferente do que essas mesmas fontes falaram, não houve outro assassino a não ser ele mesmo.
O suicídio do Rock é evidente. A depressão profunda que resultou na sua auto-destruição não foi de data recente, mas foi percebida por poucos. O filho primogênito de um dos ritmos mais influentes e tradicionais do século perdeu a sua principal característica de modo degenerativo, lento e doloroso. O rock deixou de ser original.
Surgido como uma disparidade quase imperceptível no som de grandes ícones, como o próprio Muddy, Chuck Berry e outros Bluesmans e artistas negros mais desconhecidos, deu seus primeiros passos independentes - Passos bem largos por sinal - junto com o Skiffle inglês, trazendo à luz os dois maiores nomes da música do século passado. Logo, o Rock diferenciou-se fortemente dos seus pais. O garoto era irreverente. Tinha uma incrível capacidade de criar e se modificar. Era inovador.
O rock crescia e logo mostrava que se tornaria um gigante sem precedentes - e garanto que essa será a minha única afirmação impassível de contestação. Era imitado e recriado por todos. British Rock, Surf Rock, Folk Rock, Rock psicodélico, progressivo, Glam Rock, Hard, Punk. Sons que, para qualquer desavisado, só tem duas coisas em comum: O nome, obviamente, e a capacidade de inovação. Durante 20, 30 anos de vida o garoto nunca parou. Crescia e misturava-se para se tornar algo novo, mas nunca deixando de ser o Rock.
Encantando multidões, como não podia deixar de ser, o jovem prodígio gerou dinheiro. Muito dinheiro. Não, o suicídio não foi por motivos financeiros, antecipo-me antes dos comentários de certos seres impertinentes. É possível que um ritmo, mesmo tão complexo como o rock, continue em pé após a influência do mercado, sem perder sua independência e criatividade. Os Beatles que o digam.
Após 2 décadas magníficas que vieram após o fim do grupo dos garotos de Liverpool, o Rock demonstrava seus primeiros sinais de cansaço. O público pedia mais, entretanto, o sangue criativo que deu origem ao fenômeno não corria mais em suas veias. Por fim, encontramos os culpados. Acuso, sem medo de retratação: O público, desde então se contentando com pouco, agradando-se e comprando uma anomalia sem criatividade que ousaram chamar de Rock; E o artigo original, por sua vez, que não fez a única coisa que se esperava dele desde que nasceu: Inovar. Ouvimos a quase uma década um mesmismo repugnante, sem capacidade de renovação. São poucos os sonhadores que ainda tentam ressucitar o cadáver, que suicidou-se ao ver-se sem saída, deixando o caminho livre para que cópias fajutas assumissem seu posto.
É triste ver uma criatura tão fascinante acabar assim. Aqueles que, assim como eu, não se conformam com isso - Sim, faço parte dos poucos sonhadores ali citados - não serão capazes de trazê-lo de volta a vida, mas talvez possamos usurfruir o pouco que restou de sua criatividade e beleza. Daqui a alguns anos, poderemos falar com orgulho do nosso eternamente jovem rock'n roll, que estará, seguramente, em qualquer lugar destinado aos bons esquecidos que um dia brilharam no nosso mundo musical.
Espero que tenham gostado. Com o passar do tempo, vou tentar largar um pouco esse jeito cisudo, formal, mudar para algo mais adequado para um blog. Seus comentários são bem-vindos e vão ajudar muito. Até a próxima ^^
Concordo, mas não se preocupe tanto com o agora, porque vai piorar, heheh. Eu realmente acredito que futuramente meus netos e bisnetos olharão para trás e dirão que o Rock de hoje prestava, mas que o deles acaba de morrer; e eu até acredito que, perto do Rock deles, o Rock de hoje ainda conservaria qualidade, isso é porque nunca há limite para as coisas piorarem. É bom tentar extrair um pouco que ainda hoje presta, porque o apodrecimento cultural ocorre em progressão geométrica. ^^
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